SE ALGUÉM QUER VIR APÓS MIM

 

Mt 16, 24-27: “Então disse Jesus aos seus discípulos: ‘Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la. De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro mas arruinar a sua vida? Ou que poderá o homem dar em troca de sua vida? Pois o Filho do Homem há de vir na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com o seu comportamento”.

 

I. Jesus Querido, Tu disseste: “Se alguém quer vir após mim”.

Tu não obrigas uma pessoa a seguir-Te pelo caminho da cruz... não forças ninguém a entrar no Céu. Infeliz daquele que diz não a Ti para se enveredar pelo caminho espaçoso; esse jamais sentirá a verdadeira paz e será esmagado pela cruz: “Quando amamos as cruzes, não as sentimos; mas, quando as rejeitamos, elas nos esmagam. Fugir das cruzes é querer ser oprimidos por elas; desejá-las é não sentir-lhes o amargor” (São João Maria Vianney).

 

II. Jesus Mestre, Tu disseste: “Se alguém quer vir após mim”.

Se não Te seguirmos, ó Jesus Mestre, a quem seguiremos?  A carne, o mundo e ao Demônio?  Jamais, Senhor! Seguir-Te-emos pelo caminho apertado que conduz à Eterna Felicidade... e se vacilarmos, Tu nos sustentarás: “Se quero viver convosco, ó Jesus, devo me persuadir de que a vida cristã está sintetizada em vós crucificado, isto é, no espírito de renúncia, de sacrifício praticado em total abandono, na negação de mim mesmo; só através do calvário chegarei à meta. Se neste caminho encontrarmos dores e lutas, vós, ó Cristo, nos sustentareis com vossa cruz e ajudareis com a vossa graça” (G. Canovai).

 

III. Jesus Amigo, Tu disseste: “Se alguém quer vir após mim”.

Nem precisamos de tempo para decidir... a decisão já foi tomada há muito tempo... Seguir-Te-emos até a morte: “Senhor, a quem iremos? Tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 68-69).

 

IV. Jesus Bondoso, Tu disseste: “Se alguém quer vir após mim”.

Só existe um caminho para o Céu: o da cruz. Ir após Ti, ó Senhor, só é possível através do caminho da cruz, porque esse é o único caminho deixado por Ti: “Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à Vida” (Mt 7, 14).

 

V. Jesus Misericordioso, Tu disseste: “Se alguém quer vir após mim”.

“... vir após mim”. Se Tu vais à nossa frente não temos o que temer... contemplando a Ti nos fortaleceremos diante de cada dificuldade e provação, porque Tu és o nosso modelo: “Toda a vida do Divino Mestre é uma prova de subordinação à vontade do pai. Toda a sua vida é um longo sacrifício” (Pe. Richard Gräf).

 

VI. Jesus Amor, Tu disseste: “Se alguém quer vir após mim”.

Não segui-Lo é escolher o caminho do Inferno Eterno.

Dai-nos força Senhor para segui-Lo até o último suspiro, porque não se pode comparar as provações dessa vida com a felicidade do Céu que será para sempre: “Sem dúvida, é justo que se alegrem aqueles que neste mundo suportam a tribulação passageira por causa de seus pecados, mas que, pelo bem praticado, têm guardada para si uma recompensa eterna no céu” (São Pedro Damião), e: “O sofrimento é a escada que nos leva a Deus, ao céu” (Bem-aventurada Elisabete da Trindade), e também: “Penso, com efeito, que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá revelar-se em nós” (Rm 8, 18).

 

VII. Jesus Luz, Tu disseste: “Se alguém quer vir após mim”.

Seguir-Te é querer se salvar... entrar no Céu... “mergulhar” no seu amor para sempre.

Ajude-nos Senhor a seguir-Te desejando ardentemente o Céu; a carregar as cruzes de cada dia com alegria e a suportarmos as dores com paciência: “Não podemos esquecer que o caminho que conduz ao Céu passa pelo Calvário. Devemos, portanto, aceitar os sofrimentos próprios desta vida e levar a nossa cruz em seguimento de Cristo. Na verdade, a aceitação da dor não é apenas um sinal de que desejamos o Céu, mas o meio necessário para alcançá-lo. É preciso participar da Paixão de Cristo, se se quer ter parte na sua glorificação” (Monge Edouard Clerc).

 

VIII. Jesus Bom Pastor, Tu disseste: “... negue-se a si mesmo”.

Negar-se a si mesmo é dizer não... um não decidido aos gostos e inclinações terrenas do coração: “As coisas corpóreas são matéria. Quem ama o mundo ama as ocasiões de tropeço” (Abade Euprépio).

 

IX. Jesus Salvador, Tu disseste: “... negue-se a si mesmo”.

Tu exiges que renunciemos à própria vontade para identificá-la com a Sua: “Enquanto guardarmos para nós a cidadela da vontade própria, não podemos dizer que entregamos tudo a Deus; não podemos dizer a Nosso Senhor, com inteira verdade: ‘Eis que abandonamos tudo para Vos seguir’ (Mt 19, 27)” (Bem-aventurado Columba Marmion).

 

X. Jesus Rei, Tu disseste: “... negue-se a si mesmo”.

Para te seguir, não basta renunciar aos bens que possuímos... é preciso que renunciemos com sinceridade também a nós mesmos: “Deixar o mundo e renunciar aos bens exteriores talvez seja fácil; mas renunciar o homem a si mesmo, imolar o que tem de mais precioso pela entrega total da sua própria liberdade, isso sim que é difícil. Coisa pouca será deixar o que tem; mas é muitíssimo renunciar a si próprio” (São Gregório Magno).

 

XI. Jesus Príncipe da paz, Tu disseste: “... negue-se a si mesmo”.

Amado Príncipe, o seu amor é exigente! Tu exiges que matemos a nossa vontade própria... o “assassinato” deve ser total: “Quem de si mesmo faz reserva, esse tal não se desprende de tudo. Mais exatamente: de nada serve alguém abandonar tudo, não abandonando a si próprio” (São Pedro Damião).

 

XII. Jesus Servo, Tu disseste: “... negue-se a si mesmo”.

Negar a si mesmo é se desapegar dos bens e da vontade própria... é deixar tudo para trás: bens e o “eu” para fazer somente a vontade do Senhor: “A perfeita união com Deus e, portanto, a santidade, consistem na total transformação de nossa vontade na de Deus, de tal modo que, em nós, nada contrarie a vontade do Altíssimo, mas dependam nossos atos totalmente do beneplácito divino” (São João da Cruz).

 

XIII. Jesus Mediador, Tu disseste: “... negue-se a si mesmo”.

Negar-se a si mesmo é não guiar-se pelos conselhos da natureza depravada, mas pelos ditames da razão alumiada com a luz da fé: “Negar-se a si mesmo é não dar ouvidos às vozes que do interior se levantam pedindo prazeres, deleites sensuais e satisfação completa de todos os apetites desordenados” (Pe. Alexandrino Monteiro).

 

XIV. Jesus Redentor, Tu disseste: “... tome a sua cruz e siga-me”.

Não basta tomar a cruz, mas é preciso carregá-la com paciência sem reclamar nem murmurar: “Não existe coisa mais agradável a Deus do que sofrer com paciência e paz todas as cruzes por ele enviadas” (Santo Afonso Maria de Ligório).

 

XV. Jesus Juiz, Tu disseste: “... tome a sua cruz e siga-me”.

Tu disseste: “... tome”, e não, arraste. Muitos não suportam o peso da cruz e ao invés de carregá-la nos ombros, preferem arrastá-la tornando o seu peso insuportável: “A cruz que arrastamos torna-se mais pesada do que a que carregamos” (Santa Teresa de Jesus).

 

XVI. Jesus Humílimo, Tu disseste: “... tome a sua cruz e siga-me”.

Feliz daquele que carrega a cruz por amor a Ti... que aceita sofrer pelo Senhor que morreu na cruz por amor aos homens. É melhor sofrer amando do que sofrer xingando: “Há dois modos de sofrer: sofrer amando e sofrer sem amar. Todos os santos sofriam com paciência, alegria e perseverança, porque amavam. Nós sofremos com raiva, desagrado e enfado, porque não amamos. Se amássemos a Deus, seríamos felizes de poder sofrer por amor d’Aquele que aceitou sofrer por nós” (São João Maria Vianney).

 

XVII. Jesus Obedientíssimo, Tu disseste: “... tome a sua cruz e siga-me”.

Tu não mandaste o teu seguidor viver na “poltronice”, no comodismo, na ociosidade... mas o ordenou que tomasse a cruz. Essa é a condição para te seguir! “Não recuso a cruz, porque se recuso a cruz, recuso Jesus” (Santa Gema Galgani).

 

XVIII. Médico das almas, Tu disseste: “... tome a sua cruz e siga-me”.

Não olhemos para a cruz com desprezo e revolta; mas sim, com amor... porque é um precioso presente que vem das mãos de Deus: “Estas cruzes hei de recebê-las com ânimo generoso, abraçá-las com regozijo, pois são mimos com que Deus me visita” (Pe. Alexandrino Monteiro).

 

XIX. Médico dos corpos, Tu disseste: “... tome a sua cruz e siga-me”.

Tu mandaste que todos tomassem a cruz e não a um grupo isolado de pessoas.

O discípulo não é mais que seu mestre, nem o servo mais que seu Senhor: “Se foi necessário que Jesus a carregasse para entrar na sua glória, muito mais nos é necessário a nós levá-la para podermos entrar numa glória que só o combate nos fará nossa” (Pe. Alexandrino Monteiro).

 

XX. Filho de Davi, Tu disseste: “... tome a sua cruz e siga-me”.

Não se pode odiar a cruz nem arremessá-la ao chão. Quem sofre com paciência salva-se; quem sofre com impaciência perde-se: “Quem carrega a cruz com paciência, salva-se; quem a carrega com impaciência, perde-se” (Santo Afonso Maria de Ligório), e: “Quem se humilha nos sofrimentos e se submete à vontade de Deus é trigo destinado ao céu; quem é soberbo e fica impaciente, a ponto de voltar as costas para Deus, é palha que é destinada ao inferno” (Santo Agostinho).

 

XXI. Cordeiro de Deus, Tu disseste: “... tome a sua cruz e siga-me”.

Não basta tomar a cruz... é preciso tomá-la e seguir-Te até o fim. É preciso caminhar com a cruz sobre os ombros sem jogá-la à beira do caminho: “Seguir a Cristo levando com Ele a nossa cruz é preciso para salvar a nossa alma” (Pe. Alexandrino Monteiro).

 

XXII. Filho de Deus, Tu disseste: “... tome a sua cruz e siga-me”.

É preciso seguir a Nosso Senhor carregando diariamente as nossas cruzes.

Sigamos o Senhor por onde quer que Ele vá: “Seguir a Cristo é ser cristão; o que segue a Cristo é de Cristo; o que segue o mundo é do mundo; porém, seguir a Cristo é seguir a verdade, seguir o mundo é seguir o erro! Em seguir a Cristo está a felicidade” (Pe. Alexandrino Monteiro).

 

XXIII. Enviado por Deus, Tu disseste: “Pois aquele que quiser salvar a sua vida vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la”.

O Pe. Juan Leal comenta: “A metáfora está tomada do que sucedia nos tribunais ou nas guerras: às vezes um condenado a morte ou um prisioneiro de guerra podia comprar sua vida ou sua liberdade com uma grande quantidade de dinheiro; porém, a vida da alma, quer dizer, a eterna felicidade, uma vez perdida, não é possível recuperá-la”.

 

XXIV. Fonte da graça, Tu disseste: “De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro mas arruinar a sua vida? Ou que poderá o homem dar em troca de sua vida? Pois o Filho do Homem há de vir na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com o seu comportamento”.

 

São Josemaría Escrivá comenta: “Que aproveita ao homem tudo o que povoa a terra, todas as ambições da inteligência e da vontade? Que vale tudo isso, se tudo acaba, se tudo se afunda, se são bambolinas de teatro todas as riquezas deste mundo terreno?”