PEDIR SEM DESANIMAR
(Lc 11, 8)
“... digo-vos, mesmo que não se levante para dá-los por ser amigo, levantar-se-á ao menos por causa da sua insistência, e lhe dará tudo aquilo de que precisa”.
À meia-noite em ponto, um homem bate à porta de um seu amigo: “Amigo, empresta-me três pães. Chegou gente que está com fome em minha casa e eu não tenho nada para oferecer”.
O amigo nem sequer vem à janela, e de dentro lhe responde: “Ouve, sinto muito, mas já fechei toda a casa. Estou deitado e meus filhos também; não hás de querer fazer-nos levantar para te dar pão!”
O outro, em pé diante da porta fechada, NÃO DESANIMA, e começa a bater. Bate uma vez, duas vezes... O amigo não pode mais dormir. Se não por amizade, ao menos para se livrar da INSISTÊNCIA, ele se levanta e atende-o.
Católico, é preciso rezar, SEM DESANIMAR, até se obter o que se pede. Não nos deixemos vencer pelo SILÊNCIO de Deus; quanto mais a graça tardar, tanto mais bela será.
Santa Mônica rezou trinta anos por seu filho, mas, depois, que graça! Seu filho Agostinho foi Santo.
O Pe. Richard Gräf diz que “Deus guarda um silêncio tantas vezes insuportável”.
É preciso INSISTIR diante do SILÊNCIO de Deus. INSISTIR não significa se revoltar nem blasfemar contra o Criador.
É preciso bater na “porta” do céu, não com as mãos... mas com o coração, com a alma... com o “martelo” do amor que CONFIA no Deus que cuida de nós: “Se quisermos alcançar alguma graça de Deus por meio da oração, devemos fazê-lo com plena confiança e convicção de que vamos ser atendidos” (Santo Afonso Maria de Ligório), e: “Assim como a oração tem a sua força meritória da caridade, do mesmo modo tem a eficácia de impetrar-nos as graças da fé e confiança” (Santo Tomás de Aquino), e também: “Só a confiança, ó Senhor, nos obtém a vossa compaixão” (São Bernardo de Claraval), e ainda: “Porventura poderá Deus enganar-nos oferecendo-se para sustentar-nos nos perigos quando a Ele recorremos, e, depois, retirando-se de nós, quando, de fato recorremos a Ele?” (Santo Agostinho), e: “A divina misericórdia é uma fonte imensa; e nós apanhamos as graças com os vasos da confiança; quem vier com um vaso maior poderá tirar maior número de graças” (São Bernardo de Claraval), e também: “A oração faz violência a Deus, mas uma violência que lhe é cara e agradável” (São João Clímaco), e ainda: “Não rezaste bem, como devias, porque rezando duvidastes; não recebeste a graça porque a pediste duvidando” (São Basílio Magno).
Nosso Senhor não se irrita com os nossos pedidos, pelo contrário: “Deus só se irrita contra nós, quando deixamos de rezar” (São João Crisóstomo).
Perseveremos na oração... “batamos” na “porta” do céu com insistência e perseverança: “Deus quer que Lhe façamos violência com as nossas orações, pois tal violência não o irrita, mas O aplaca” (São Gregório Magno), e: “Deus quer que perseveremos na oração até a importunação. Os homens deste mundo não suportam importunos. Mas Deus não só nos suporta, mas quer que sejamos importunos” (Cornélio a Lápide), e também: “Quanto mais forem importunas e perseverantes as nossas orações, tanto mais agradável serão a Deus” (São Jerônimo).
Aquele homem procurou o bem-estar: “Estou deitado e meus filhos também”. Deus não é assim: “Ele é Pai, sempre pronto a atender. É preciso, porém, que peçamos com confiança” (Alfred Barth).